As noites anteriores foram de muita ansiedade, e muitas vezes, despertei no meio da madrugada sem sono, outras, sonhei com o tão aguardado momento em flashes confusos e um pouco perturbadores. Na véspera foi bem diferente, tive uma madrugada serena e de sono tranquilo.
Meu parto foi marcado para as 07:00h da manhã. As 05h30h acordamos e fui tomar um banho e me arrumar: ajeitei o cabelo e fiz uma maquiagem básica pra disfarçar as olheiras e o rosto inchado. Passei corretivo no medo e usei a alegria de blush, pra ficar bem estampada em meu rosto.
Assim que chegamos à maternidade, o medico, a assistente e o anestesista já nos aguardavam na recepção. Falamos com eles, assinamos alguns papeis e fui pro quarto esperar a técnica de enfermagem levar aquela roupinha da bunda de fora. Depois de tudo pronto, chegou o rapaz com a maca e fui rumo à sala de cirurgia.
Confesso que até o último momento não parecia que tinha chegado a hora, estava sendo tudo tão simples, tipo, cheguei , troquei de roupa e estou indo ali buscar meu bebê. Onde estava todo aquele roteiro ensaiado durante nove meses? Realmente, as cenas de filmes e novelas são apenas cenas de filmes e novelas. As luzes do teto que me guiavam até a sala de cirurgia foram contadas mentalmente uma a uma entre alguns devaneios: “Tá chegando”, “Mantenha a calma Ana”, “Posso gritar?”, “Cara, não estou crendo nisso”, “Respira fundo, respira fundo”, “Filhooo, vamos nos conhecer aqui foraaaa!”, enfim, muita ansiedade e expectativa. Marido foi ao lado, acompanhando e perguntando se estava tudo bem. Estava. Fui para a sala, enquanto ele foi pra não sei onde trocar de roupa.
Começou todo o processo de preparação para a cesária. Conversei com a anestesista, que foi um amor e foi me explicando todo o processo. A ráqui é incomoda, mas não é dolorida, foi tranquilo e suportável. Olhava pra minha tão amada barriguinha, naquela posição de lado, e a vontade de pedir um stop no relógio era imensa, fechei os olhos, pedi proteção a Deus, pensei em alguns momentos bons da gravidez, alisei pela última vez o meu buchinho, engoli o nó na garganta.Já estava com tantas saudades…
***Nessa hora também, ela olhou pra minha mão e como estou com alergia de contato, (porque não posso tocar nem em poeira e usei uma luva de látex que também me causou a danada da alergia) falei pra ela do ocorrido e na mesma hora todo o material da cirurgia foi trocado, o que acabou atrasando um pouco o parto. Bem, antes que pensem “Sua louca porque você não avisou antes?”… Não achei que f0sse tão necessário assim, até porque a alergia é na mão e não dentro de mim, bem, esquece. Mas eles tiveram tanto cuidado que nenhuma enfermeira tocava no meu calcanhar com uma luva de látex, até os funcionários que manipularam os remédios que tomei foram avisados a não fazer usando as tais luvas, super dei trabalho, rá!***
Mas voltando…
Dr. Carlos entrou e começou a cirurgia. Olhei para os lados e nada do Leo entrar também, foi me dando a maior vontade de chorar, queria ele ali o quanto antes. Quando perguntei por ele pela segunda vez ou pensei em perguntar, sei lá, ele veio ao meu lado e falou que estava ali comigo e filmando o parto, me pediu calma e foi para o lado de lá do pano (É, ele me conhece internamente e falou que as minhas sete camadas de gordura não são tão feias assim) e prontamente pensei “Se acontecer alguma coisa inesperada ele vai resolver, agora sim, estou segura”. Um apoio emocional é fundamental nesse momento, nem imaginava o quanto.
Ainda tentava manter a calma, quando escutava os batimentos aumentando, (lá naquele aparelho do pi..pi..pi), controlei o ritmo do meu coração até então, mas quando ouvi o médico mostrando o Vini ainda dentro da minha barriga para o pai, me entreguei ao momento e a emoção e deixei que todas as lágrimas acumuladas até então fizessem a festa, depois não demorou mais do que cinco minutos pra escutar o chorinho do Vinícius.
Agora vocês terão que me desculpar, porque esse momento não tem como descrever… é imensamente maior do que qualquer palavra e não existe substantivo para tal sentimento. Só sei dizer que a primeira vez que olhei o meu bebê deitado sobre o meu peito, chorando que nem um bezerrinho escandaloso foi o momento mais importante de toda a minha vida… Falei baixinho “Calma filho, mamãe ta aqui, calma pequeno, bem vindo!”. Pronto, posamos pra foto e tenho certeza que ali nasceu uma família feliz!!!
Fotos do meu galã lá no Flickr